Nas ruas estreitas da comunidade da Vila do Jacaré, no bairro de Maranguape 1, em Paulista, no Grande Recife, a preocupação é grande entre os moradores. As dificuldades financeiras ficaram ainda maiores com a pandemia da Covid-19, trazendo o medo de não ter o necessário para se proteger da doença causada pelo novo coronavírus.
O acesso à água é difícil na comunidade. Com as torneiras vazias, os moradores precisam improvisar, usando geladeiras velhas, baldes e caixas para armazenar água, mas a que vem do poço tem um cheiro forte e não pode ser utilizada nem para cozinhar. Essa situação fica ainda mais delicada no contexto da pandemia, em que a água é muito importante para que as pessoas se higienizem para se proteger do vírus.
“A gente não tem água. Onde eu moro, nesse momento acho que vai fazer um ano que a gente não tem água encanada. A gente é esquecido por muitas coisas”, afirmou a ambulante Ana Almira.
Sem poder sair de casa para procurar emprego por causa da pandemia do novo coronavírus ou fazer serviços esporádicos na rua, os chamados “bicos”, para conseguir dinheiro, ela precisa de doações para ter comida em casa e passou a depender da solidariedade para sobreviver.
Em uma casa improvisada com madeiras e lonas plásticas, Ana mora com os filhos e o marido, que faz parte do grupo de risco da doença Covid-19. Sem renda fixa, ela teve que esperar o marido receber a primeira parcela do auxílio emergencial de R$ 600, concedido pelo governo federal, para comprar máscara.
“A gente estava sem condições, a gente estava passando dificuldade mesmo. Depois Daniel veio aqui, fez uma doação para a gente, foi que as coisas foram melhorando, mas a gente estava numa situação tão difícil aqui. Eu só não, mas muitas pessoas”, contou.
O homem a quem Ana se refere é Daniel Paixão, morador da Vila do Jacaré e integrante da rede de coletivos populares de Paulista. Aos 18 anos, o jovem não descansa em busca de ajuda para os vizinhos que, assim como ele, vivem em situação de grande vulnerabilidade social. Na pandemia, já colocou cartazes de conscientização para comunidade, distribuiu máscaras e cestas básicas.
“É aquela história: quem tem fome tem pressa. E hoje o poder público não entra na comunidade. Então nós, como os próprios moradores e transformadores do futuro, a gente sempre está se articulando porque, se eles não chegam para garantir nossos direitos, temos que reivindicar e transformar nossa realidade. Juntos, a gente consegue fazer com que o poder popular prevaleça e que as pessoas consigam comer, se higienizar e estejam conscientes de que precisam combater o coronavírus na periferia”, disse.
A estudante Juliana Lima pediu maior atenção do poder público para a comunidade. “O que eu queria que acontecesse é que as pessoas olhassem mais pra cá, sobre tudo, que tivesse alguma ação educativa pra conscientizar as pessoas porque não adianta ter ajuda financeira e material e não ter a conscientização das pessoas. Não adianta eu ter uma doação de máscara sem eu querer usar a máscara. Alguém pra conscientizar a população de que é sério”, declarou.
Fonte: G1 PE
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