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domingo, 3 de maio de 2020

Coletivos populares fazem estudo sobre impacto da Covid-19 em áreas mais pobres de Paulista


Coletivos populares de Paulista, no Grande Recife, se uniram para fazer um estudo e reduzir os impactos da pandemia do novo coronavírus na periferia do município. Há 307 mil habitantes na cidade, que tem o quarto maior número de casos do estado, com 28 ocorrências até a quinta-feira (30).

O grupo se juntou para colher dados e tentar pressionar o poder público para adotar ações nas comunidades, já que, mesmo com todos os pedidos para que as pessoas fiquem em casa, ainda há muita gente nas ruas.

O projeto é encabeçado pela arquiteta urbanista Luana Alves, pelo geógrafo Diogo Galvão e pelo sociólogo Gleidson Alves. Segundo a arquiteta, é preciso montar ações voltadas para quem está em situação de maior vulnerabilidade.

"Existem áreas na cidade em que as pessoas não têm condições de se proteger da pandemia. Se a gente entende que essas áreas não têm o mesmo acesso aos serviços e infraestrutura de outras localidades, é preciso ter um plano específico para elas", declarou.

O geógrafo Diogo Galvão ajudou a elaborar o documento, que avaliou, por meio de dados oficiais, as áreas com maior vulnerabilidade.

"O principal aspecto que tentamos levantar foi sobre a estrutura em que as pessoas residem. Essa é a impossibilidade, por exemplo, de fazer um confinamento do indivíduo numa casa que só tem um ou dois cômodos e moram cinco ou seis pessoas", afirmou.

O estudo, traduzido em mapas, traz questões como a quantidade de pessoas por dormitórios e as áreas de maior concentração de casos de Covid-19 nas comunidades de Paulista.

"A gente tem duas preocupações quanto a isso. Uma é que já existe o vírus nas periferias e não há testes acontecendo, o que, para a gente é alarmante. A segunda é que o vírus ainda não entrou na periferia e é nossa possibilidade de atacar de forma diferenciada, fornecendo informação adequada", declarou Diogo.

Uma das localidades analisadas foi a Comunidade dos Canos, que, no estudo feito pela rede de coletivos, foi apontada como uma das comunidades com maior grau de vulnerabilidade na cidade. O trabalho inclui as condições em que as pessoas vivem, muitas vezes em casas com apenas um cômodo, e a impossibilidade financeira de se proteger da pandemia.

Esse é o exemplo de Thamires Alves, dona de casa que vive com sete filhos e um neto em uma casa pequena. Para ela, praticar o isolamento social é um grande desafio, assim como conseguir sobreviver em meio a tantas dificuldades financeiras.

"Muita gente, nessa época, ficou desempregado, sem ter como trazer o pão para dentro de casa. Fica difícil", disse.

Além do levantamento dos dados, a rede de coletivos também tem ajudado de outras formas. Os grupos doaram cestas básicas, produtos de limpeza e levaram informação em bicicletas de som.

"A gente tem colocado faixas nos bairros, impulsionado publicações na internet, para que as pessoas tenham contato com informações nas redes sociais e sites. Além disso, temos tentado envolver mais a comunidade nesse processo, para que ela se sinta parte da construção de tudo isso", disse Gleidson Alves.

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