O excesso de veículos em circulação na Cidade Alta de Olinda, no pico da manhã – denunciado pelo JC no sábado –, está sendo apontado por moradores como o grande vilão de inúmeras rachaduras que têm aparecido nos imóveis. A Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta (Sodeca) informa ter denunciado ao Ministério Público Federal (MFP), há dois meses, o intenso tráfego de veículos com mais de três metros, o que é proibido no local, tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade há mais de duas décadas.
“Temos inúmeras reclamações, casas com grandes rachaduras. Em muitos pontos o solo está cedendo”, afirma o coordenador de planejamento da Sodeca, Edmilson Cordeiro. “Além de aguardar atitude do MPF também cobramos da prefeitura uma ação. Se colocarem equipamentos que estreitam a via, impedindo a passagem dos carros grandes, também dificultarão o excesso dos pequenos”.
GALERIA DE IMAGENS
Residente na Rua de São Bento há 33 anos, o comerciante Enoque José dos Santos, 50, está indignado com as rachaduras na parede do corredor. “As próprias empresas de turismo chegam com veículos grandes e ninguém fiscaliza. O telhado escorrega com a trepidação constante, tenho que pagar para colocarem ele no lugar a cada três meses”, protesta. “Procurei a prefeitura e me mandaram contratar um engenheiro registrado no Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), tem que ter dinheiro”.
A empresária Luciana Coutinho, 43, mudou-se para a Rua 13 de Maio em busca de sossego, há três anos e meio. “O lugar é uma paz mesmo, mas as manhãs têm sido bem barulhentas e estamos preocupados com as rachaduras. Chamamos a Defesa Civil há meses, mas ninguém apareceu para avaliar”, lamenta. A vizinha, a arquiteta Luciana Madruga, 30, conta ter acionado o órgão em dezembro. “Disseram que o caso seria registrado como prioridade e até agora nada. Chegamos a sair duas semanas de casa por conta do tamanho da rachadura no banheiro, mas fiz medição e vi que dava para voltar”.
A secretária executiva de Defesa Civil, Kátia Marsal, diz que só pode atuar na Cidade Alta se acionada pela Secretaria de Patrimônio ou pelo Iphan. “A não ser uma emergência, por isso as pessoas devem procurar esses órgãos”. O superintendente do Iphan, Frederico Almeida, afirma que desconhecia o problema, mas tomará as medidas necessárias para preservar o patrimônio.
Fonte: Jornal do Comercio
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.