METRO NORTE

Este canal de noticias foi criado pelo prof Fernando Melo com o objetivo de divulgar informação da Região Metropolitana Norte do Recife, publicada nos diversos meios de comunicação de Pernambuco.

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Superlotação, fila para oxigênio e escassez de profissionais de saúde: UPAs do Grande Recife chegam ao limite durante pandemia


"A gente sempre soube que isso ia acontecer, sempre soubemos que não ia ter leito e equipamento para todos, mas você ver uma pessoa morrer com falta de ar na sua frente é uma das piores coisas que alguém pode presenciar. É agoniante ver o olhar de desespero. A gente tentou fazer o possível para ele, mas sem o ventilador, não conseguimos mantê-lo”.

O relato é de uma médica que trabalha em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Grande Recife, portas de entrada para assistência na rede pública de saúde. Com a pandemia da Covid-19, as unidades têm chegado ao limite.

“Eu entendi que estamos colapsando quando nesse último fim de semana [25 e 26 de abril], num plantão noturno, recebemos um paciente em insuficiência respiratória aguda, com indicação imediata de tubo, mas não tínhamos respirador disponível - todos da unidade estavam sendo usados”, contou a profissional, que preferiu não se identificar.

O paciente, segundo ela, tinha histórico clínico sugestivo de Covid-19 e apresentava desconforto respiratório. Seis horas após ser admitido, o homem faleceu, segundo a médica. “Chorei a madrugada inteira", relembrou.

As UPAs são o ponto inicial do caminho dos pacientes até os 1,1 mil leitos criados para o enfrentamento ao novo coronavírus em Pernambuco. Os profissionais de saúde que trabalham nesse serviço de atenção básica afirmam que as unidades não receberam reforços para o tratamento de pacientes com suspeita de Covid-19 e falam em colapso no sistema.

A médica contou, ainda, que um casal de pacientes idosos deu entrada em uma UPA ao longo da pandemia e o homem faleceu.

"Eles não saíam de casa e, por isso, a família achava que não poderia ser Covid quando eles começaram a apresentar tosse e febre. O marido foi a óbito e a esposa foi para casa. Ambos eram Covid positivo", disse.

“Não sabemos mais o que dizer para o familiar que fica na recepção da UPA, aguardando ansiosamente notícias do seu parente internado, sem poder ir lá e dar um abraço, um aperto de mão. Talvez seja isso que mais doa... Ver tantas pessoas vulneráveis e frágeis, sem saber se vão viver ou morrer, com tanto medo e sem poder receber um abraço. Sem poder ver um rosto familiar. Sem poder ver um sorriso”, disse a médica.

"Não tenho conseguido dar conta da ansiedade e do medo de chegar em um plantão e não saber quantos óbitos teremos, se vamos ter condições de tratar dignamente aquelas pessoas, quantas histórias vamos encontrar, quantas histórias ali vão acabar".

A cada semana, os médicos contam que a situação tem piorado. "Antes de entrarmos em mitigação, recebíamos uma demanda grande de casos possivelmente positivos de Covid-19, mas não havia critérios para notificarmos. Isso foi um fator complicador, porque poderíamos estar notificando e diagnosticando", contou.

Quando o estado confirmou os primeiros casos de transmissão comunitária, em março, o relato foi de desespero. A situação se agravou ao longo das semanas. "Em abril, começamos a receber os casos com maior gravidade. Pacientes gravíssimos com desfechos ruins em curto espaço de tempo. Independente da idade, independente de comorbidades. E a cada semana que passa, piora", disse a profissional.

Diante do aumento da demanda, os insumos e a estrutura não têm sido suficientes. "Não temos as medicações necessárias para manejar esses pacientes, não temos profissionais para atender todos com o mínimo de dignidade. Em uma das UPAs que trabalho, temos mais de 110 atestados na equipe, entre técnicos, enfermeiros, médicos. É muita gente afastada. É muita gente doente. É muita gente com medo", disse a profissional de saúde.

A falta de adequação das UPAs para enfrentar a pandemia é queixa unânime entre os profissionais de saúde dessas unidades.

“Esse serviço, extremamente essencial para a população, não recebeu nenhum tipo de estruturação para essa pandemia. Continuamos com a mesma quantidade de médicos, enfermeiros, técnicos e demais funcionários. Pacientes ainda sofrem Acidente Vascular Cerebral (AVC), ainda se acidentam, ainda levam tiro ou facada e [têm sintomas] de Covid-19”, contou uma segunda médica plantonista, que também atua em UPAs no Grande Recife.

A falta de equipamentos necessários para a falta de ar, o sintoma mais preocupante da Covid-19, é o gargalo mais evidente nas unidades.

“Cada plantão é um desespero. Cada dia chegam mais pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave, precisando de suporte de oxigênio ou intubação e ventilação mecânica. Não temos fonte de oxigênio para todos. Ficamos com pacientes na sala de medicação esperando que outro seja transferido para ter direito à fonte. É literalmente uma fila para ter direito ao oxigênio”, relatou a profissional.

"Leitos abertos tem vários. O problema principal é a UPA ter estrutura para receber essa grande quantidade de pacientes e conseguir estabilizá-los para enviar para esses leitos que o estado está abrindo", afirmou.

'Descontrole total'
Quem também sente na pele os problemas são os pacientes e familiares que precisam de assistência médica na rede pública. Apresentando febre, tosse e falta de ar, o tio da tosadora Noeli Félix esteve na segunda (27), na terça (28) e na quarta (29), na UPA da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife. Nos três dias, ele foi orientado a voltar para casa.

“Moramos em Candeias [em Jaboatão dos Guararapes], mas nos mandaram para lá porque a UPA de Barra de Jangada não tem mais vaga”, contou Noeli.

No Recife, a situação também é de superlotação, segundo a tosadora. “Se você visse como estava lá ontem [29], você não acreditaria. É muita gente. Pelo fluxo de ambulâncias que chegam, você vê que está um descontrole total. O clima está horrível. Por mais que se fale disso, as pessoas não têm noção de como as coisas estão”, relatou.

Após três dias buscando atendimento médico para o tio, Noeli afirmou que seu parente foi encaminhado para casa. “Tentamos usar o aplicativo Atende em Casa, mas não conseguimos. Lá dentro, meu tio disse que só recebeu soro e uma medicação para voltar para casa. Vamos ter que tirar dinheiro não sei de onde para buscar um hospital particular”, disse a tosadora.

Nesta quinta (30), a UPA da Imbiribeira recebeu a diarista Cleonice Maria da Silva e o marido dela, Tiago Silva, ambos de 34 anos. O esposo de Cleonice precisou ficar do lado de fora da unidade, aguardando em uma fila. O casal chegou às 9h e, por volta das 12h, Tiago ainda não havia sido atendido.

"Ele está sentindo dor de cabeça, diarreia e 39 de febre. O atendimento está péssimo. Está muito cheio, não tem médico. A gente vê a situação de tanta gente morrendo, enterrando como indigente, e às vezes eu não consigo dormir", contou.

Fonte: G1 PE

Para manter os baixos índices de coronavírus, Itapissuma reforça medidas


Na entrada da cidade, os visitantes e moradores são recebidos por uma barreira sanitária. (Foto: Leandro de Santana/Esp. DP FOTO)

Com 25 mil habitantes, o município de Itapissuma, no Grande Recife, registra apenas 5 casos confirmados da Covid-19 entre moradores e profissionais de saúde e um óbito, de uma senhora de 63 anos que não sabia que estava contaminada. Para assegurar os baixos índices, as medidas de contingenciamento são acompanhadas de perto pelos sanitaristas e profissionais de saúde. Na chegada, os visitantes e moradores são recebidos por uma barreira sanitária. No local, agentes de saúde e vigilância sanitária, com apoio da Guarda Municipal, param carro a carro para medir temperatura, desinfectar as rodas dos veículos, distribuir álcool gel e orientar sobre as ações de prevenção ao novo coronavírus.

A aposentada Ademildes da Silva, de 63 anos, moradora da Ilha de Itamaracá, passou pelo local na manhã de ontem acompanhada do filho Gutemberg após voltar da consulta com oftalmologista, em Igarassu. “Eu estou muito preocupada com esse vírus, principalmente por causa da minha idade. Eu estou me cuidando mesmo, só saio para o médico quando preciso e vivo direto com a mão no sabão ou colocando álcool gel. Quando preciso de alguma coisa, meu filho vai no mercado e compra. O resto do tempo é todo em casa”, conta.

Já o prestador de serviço Genivaldo Pereira, de 60 anos, mora em Itapissuma e precisa cruzar a barreira pelo menos duas vezes no dia para realizar o seu trabalho em regiões próximas ao município. “O negócio do coronavírus não é brincadeira, eu me preocupo, mas preciso continuar trabalhando, porque o dinheiro que eu tirava trabalhando já diminui em 80%, imagina se eu paro”, questiona.

Quando volta para a sua casa, Genivaldo ajuda a esposa na loja de utensílios domésticos que eles mantêm ao lado do imóvel. “É uma lojinha pequena e o movimento está baixo porque as pessoas não estão saindo muito de casa e muito menos com dinheiro para gastar, mas a gente fica por lá esperando algum cliente aparecer. Tomamos todos os cuidados e lavamos sempre as mãos”, lembra.

Segundo a coordenadora de Vigilância Sanitária do município, Niedja dos Santos, a ideia da barreira é minimizar circulação do vírus entre os municípios vizinhos e alertar a população sobre os riscos de contaminação. “Se a temperatura tiver alterada, por exemplo, a gente pede que a pessoa fique em observação. Se for identificado algum sinal de febre, encaminhamos para o hospital”, explica. O Hospital João Ribeiro fica a 2,5 km da barreira.

Um provável fator decisivo para a baixa notificação dos casos no município seria o bloqueio do acesso à Ilha de Itamaracá, no litoral norte do estado, efetuado no dia 21 de março. “Percebemos um fluxo maior de carros vindos do Recife para Itamaracá ou pessoas que trabalham em cidades vizinha e estão retornando para à ilha”, pontua Niedja.

Itapissuma é rota quase obrigatória para quem vai à ilha que passou a receber menos visitantes desde o dia 21 de março. Itamaracá também registra poucos casos, apenas seis até o último boletim. Outro município vizinho de Itapissuma, Igarassu conta com 37 casos do novo coronavírus. As vítimas do novo coronavírus do município estão todas em isolamento doméstico e são visitadas diariamente por uma equipe técnica, formada por enfermeiro, técnico de enfermagem e agente de vigilância sanitária.

Nas ruas, a desinfecção começou há um mês, primeiro com caminhões e agora é feita diariamente, em dois turnos, por agentes da vigilância sanitária nos locais de maior concentração de pessoas, como praças, bancos e mercados. Nas caixas lotéricas, servidores da secretaria de Saúde atuam ordenando as filas para evitar aglomerações. Há, ainda, carros de som com mensagens e agentes de saúde realizando visitas de orientação à população sobre os riscos da doença.

De acordo com a secretária de Saúde do município, Benedita Alves, a idealização das medidas de contenção começaram antes do vírus chegar no Brasil. “Sabíamos que ia chegar aqui, era questão de tempo, então começamos a nos preparar”, explica. Em poucos dias, o Hospital João Ribeiro foi adaptado para receber pacientes suspeitos da Covid-19 através do Serviço de Pronto Atendimento (SPA). Itapissuma está entre os municípios que receberam a orientação para colocar leitos de retaguarda. Nos próximos 10 dias, serão 13 leitos instalados em um posto de saúde que estava em construção.

Ainda entre as medidas que passarão a entrar em vigor no próximo mês, está a instalação de 17 lavatórios de mãos portáteis que serão distribuídos na Zona Rural e lugares de alta rotatividade no município. Uma licitação com costureiras locais também está sendo construída para, com isso, iniciar a confecção de máscaras de tecido que serão distribuídas à população. "É uma ação de prevenção que vai beneficiar as costureiras que estão precisando de trabalho e, ao mesmo tempo, proteger a população", afirma a secretária.

Nos últimos dias, há, entretanto, uma flexibilização no isolamento por parte de alguns moradores."No início estava muito bom, mas as recentes declarações do presidente estão fazendo alguns moradores acharem que a situação está controlada. Mas se está controlada assim é porque nós, da secretaria de Saúde e Vigilância Sanitária não paramos em nenhum momento", argumenta.

Um maior risco de contaminação também tem alertado Nayara Oliveira, proprietária do Atacado das Carnes. "A preocupação existe, a gente teme pela saúde e pela vida das pessoas que serão afetadas, mas estamos fazendo a nossa parte, reduzimos o horário de atendimento e orientamos as pessoas para não ficarem próximas umas das outras na fila do caixa", explica. No mercadinho, Nayara passou a recomendar aos funcionários a higienização das mãos e o uso de luvas e máscaras.

"Estamos sempre em contato com o alimento, então o cuidado precisa ser redobrado", ressalta a proprietária. Apesar da crise provocada pela pandemia, Nayara conta que o isolamento tem sido benéfico para os rendimentos de seu estabelecimento. "Tem ajudado porque as opções estão limitadas né? As pessoas têm passado muito tempo em casa, quem não era acostumado a fazer todas as refeições em casa passou a fazer, além de que, com as crianças de férias, ficam sempre querendo comprar uma coisa diferente…", destaca.

A maior preocupação da dona de casa Luciclenia Tavares é a saúde e educação da sua filha. "Minha filha tem 14 anos e está dentro de casa o tempo todo, sem estudar e acompanhando as notícias o tempo inteiro. Ela fica muito preocupada e eu também. Estamos nos cuidando, esperamos que as pessoas também porque todo mundo tem que fazer a sua parte… Mas vamos ficar muito tempo em isolamento ainda, como vai ser o ano letivo dela quando isso tudo terminar?", questiona.

Luciclenia destaca, ainda, a angústia com a rotina de trabalho do marido, que é caminhoneiro. "Meu marido está trabalhando e só voltou uma vez, passou quatro dias aqui, isolado com a gente e voltou para a estrada. Estamos fazendo a nossa parte".

Fonte: Diário de Pernambuco.

Fila por leito de UTI em Pernambuco chega a ter mais de 100 pessoas


Nas duas últimas semanas, Pernambuco viu a demanda de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) aumentar em 316%. Tem dias que o número de pessoas com necessidade de suporte hospitalar supera uma centena, segundo o comandante da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), André Longo.

O resultado disso é uma frequência cada vez maior de doentes nas portas de unidades de saúde clamando por atendimento e em espera por leitos.

"Hoje temos uma situação critica. Já há uma fila por leitos de UTI. Ela é extremamente dinâmica, varia durante o dia. Às vezes, dependendo da hora do dia, você pode captar uma fila maior do que 100 pessoas”, revelou o secretário.

"Pernambuco vive em franca aceleração, com um crescente do número de casos e de óbitos. Foram abertos mais de 400 leitos de UTI quando somados os esforços do Governo do Estado e do Recife. Reconhecemos que a situação dos nossos serviços de saúde é muito difícil, porque as pessoas estão adoecendo ao mesmo tempo”, completou.

Longo associa o estrangulamento da capacidade do sistema de saúde a uma dificuldade da população em adotar as medidas de isolamento social. De acordo com pesquisas externadas por ele, seria necessário um índice de isolamento na casa dos 70% para assegurar um ritmo menos acentuado de disseminação do vírus. O Estado, apesar das várias campanhas de conscientização realizadas, não conseguiu chegar a esse patamar em nenhum momento desde o início das recomendações por parte da gestão estadual, há mais de 40 dias.

"A falta de um isolamento na casa dos 70% tem levado os pernambucanos a adoecerem ao mesmo tempo. Embora receba assistência nas Unidades de Pronto Atendimento, nas salas vermelhas de estabilização, não é confortável ficar aguardando leito de terapia intensiva em uma unidade de referência. É uma situação que temos alertado temos o início do enfrentamento dessa doença no Estado”, afirmou, passando um recado para a população.

“Ou nos conscientizamos para acentuar a curva de casos nos próximos 15 dias ou serão dias duríssimos. As pessoas se aglomerando em portas de bancos, nas ruas, vai morrer muita gente. Temos procurado ser o mais claro possível nessa mensagem e estamos aqui mais uma vez reforçando isso. Os números já são muito duros e por trás deles tem uma vida ceifada, dores familiares, profissionais tendo que escolher quem vão levar primeiro para terapia intensiva. Isso está se agravando a cada dia e a gente não nega. O que acontece hoje é fruto de 15 dias atrás. O que fazemos hoje será visto mais pra frente."

Segundo a Central Estadual de Regulação Hospitalar, a taxa de ocupação dos leitos destinados a pacientes com a Covid-19 nesta quarta-feira (20) é de 92%, sendo 98% dos leitos de UTI e 86% nas enfermarias. No total, há 773 leitos exclusivos para o tratamento da doença - 387 de UTI e 386 de enfermaria. 

Fonte: Folha de Pernambuco.

Fila gigantesca na Caixa Econômica de Olinda causa tumulto e confusão

Aglomeração em agência da Caixa Econômica em Casa Caiada, Olinda. - FOTO: TV JORNAL

A população chegou a atear fogo em frente a agência para tentar impedir a saída dos bancários no horário do almoço. A Caixa Econômica explicou que as filas foram maiores nesta terça-feira por causa de alguns problemas no aplicativo Caixa Tem, criado para facilitar o acesso a serviço sociais. Para tentar organizar as filas e evitar os princípios de tumulto, a Caixa solicitou o reforço policial. 

A maioria das pessoas que foram atendidas na unidade chegaram ainda na madrugada ao local. 

Confira abaixo o cronograma de saque do auxílio:
27 de abril – nascidos em janeiro e fevereiro
28 de abril – nascidos em março e abril
29 de abril – nascidos em maio e junho
30 de abril – nascidos julho e agosto
4 de maio – nascidos em setembro e outubro
5 de maio – nascidos em novembro e dezembro

Fonte: Jornal do Comercio

Coronavírus: 'Ansiosos para ajudar', médicos cubanos ainda aguardam convocação


Participação cubana no Mais Médicos foi encerrada por Havana em novembro de 2018 — Foto: Getty Images/ BBC

Médicos cubanos que permaneceram no país após o término de sua participação no programa Mais Médicos estão "ansiosos" para voltar ao trabalho e ajudar na contenção do coronavírus, disse à BBC News Brasil Niurka Valdes Perez, representante desses profissionais. Embora o governo de Jair Bolsonaro já tenha anunciado que vai convocá-los, ela diz que o chamado ainda não ocorreu.

Segundo Perez, que preside a associação de médicos cubanos que ficaram no Brasil (Aspromed), há cerca de 2 mil profissionais que continuam no país. Sem poder exercer a profissão, muitos vivem de bicos e trabalhos informais. Eles se dividem em três grupos: os que se naturalizaram brasileiros, os que receberam o direito de residência permanente, e os que ficaram na condição de refugiados. Já a Embaixada cubana em Brasília diz que parte deles já retornou à Cuba, restando cerca de 1,6 mil no Brasil.

O Ministério da Saúde anunciou que vai contratar 5.811 profissionais para reforçar o enfrentamento ao coronavírus, com contratos de um ano de duração. O primeiro edital de convocação, no entanto, exige que a pessoa tenha registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). Essa exigência exclui a imensa maioria dos médicos cubanos, que não possui o Revalida (exame para revalidar diplomas de medicina obtidos em outros países).

À BBC News Brasil, o ministério disse que os médicos cubanos só serão chamados na terceira convocação, prevista para ocorrer na próxima semana ou na seguinte. A previsão é de contratar cerca de 1,8 mil cubanos.

A primeira convocação, aberta até este domingo, está registrando grande procura. Até quinta-feira, já havia 7.167 inscritos. No entanto, a participação desses interessados só será confirmada após a verificação de documentos. Em convocações anteriores, houve também desistência de médicos brasileiros depois da distribuição pelas cidades do Brasil. Por isso, o Ministério da Saúde acredita que haverá convocação de cubanos.

Os médicos contratados na primeira convocação devem começar a trabalhar em abril. A bolsa-auxílio será de R$ 12,38 mil.

O governo cubano encerrou sua participação no Mais Médicos em novembro de 2018, logo após a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em reação aos ataques dele aos profissionais de Cuba durante a campanha. Naquele momento, havia mais de oito mil médicos cubanos no país, cerca de metade do contingente do programa.

Porém, no final de 2019, o Congresso aprovou a reintegração dos médicos cubanos que permaneceram no Brasil ao Mais Médicos. Isso foi incluído pelos parlamentares na lei que criou o Médicos pelo Brasil, novo programa do governo federal que deve substituir futuramente o Mais Médicos e que é voltado apenas a médicos com CRM. Por isso, desde o início desse ano os cubanos estão na expectativa de serem recontratados.

"A ansiedade para trabalhar e ajudar está muito grande", disse Perez à reportagem. "Estamos vendo que estamos sendo excluídos, até porque o país nesse momento está em uma emergência e eles não usam nós dentro do Mais Médicos, nem falam para quando a gente vai ser chamado", reclamou ainda.
A estimativa do Ministério da Saúde é que 90% dos casos de Covid-19 (nome da doença causada pelo novo vírus) serão tratados nos 42 mil postos de saúde do país. A pasta recomenda que apenas os casos mais graves, que apresentem sintomas como febre, dor de garganta e dificuldade respiratória, recebam tratamento hospitalar.
Segundo Perez, a expectativa dos médicos cubanos é justamente atuar nas unidades básicas de saúde, auxiliando na prevenção ao contágio do coronavírus.

"O programa Mais Médicos nos dá um registro médico autorizado pelo ministério. A gente não pode trabalhar em hospitais. Então, nosso trabalho seria em postos de saúde, em unidades básicas, como fizemos por cinco anos", afirma.

"A maioria de nós trabalhou num período longo no Brasil. Ou seja, conhecemos o SUS (Sistema Único de Saúde), conhecemos como é trabalhar com a população brasileira", reforça.

G1 PE

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Conselho Nacional de Educação autoriza atividades não presenciais em todas as etapas de ensino


O Conselho Nacional de Educação (CNE) autorizou, em parecer, a oferta de atividades não presenciais em todas as etapas de ensino, desde a educação infantil até o ensino superior. A partir do ensino fundamental, tais atividades podem contar para cumprir a carga horária obrigatória. O parecer foi elaborado para orientar a educação do país em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19), que levou à suspensão de aulas presenciais em todos os estados.

Em Pernambuco, a volta às aulas das escolas privadas, segundo orientação do Sinepe (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco) e do Sinpro (Sindicato dos Professores) as aulas, no sistema virutal, voltarão na próxima segunda-feira (4). Para os alunos não terem prejuízo, o período de férias de julho foi antecipado para o mês de abril. Sobre a rede municipal e estadual, ainda não houve uma oficialização

O parecer, aprovado nesta terça-feira (28) em reunião virtual, ainda precisa ser homologado pelo Ministério da Educação (MEC). Conselhos estaduais e municipais de Educação poderão ainda definir como cada localidade seguirá as orientações. As decisões finais sobre como ficará o calendário escolar deste ano caberão a estados, municípios, às instituições de ensino superior e às escolas privadas.

As atividades não presenciais podem ser ofertadas por meio digitais, ou não. Podem ser ministradas, por exemplo, por meio de videoaulas, de conteúdos organizados em plataformas virtuais de ensino e aprendizagem e pelas redes sociais, entre outros. Podem ainda ser oferecidas por meio de programas de televisão ou rádio; pela adoção de materiais didáticos impressos e distribuídos aos alunos e seus pais ou responsáveis; e pela orientação de leituras, projetos, pesquisas, atividades e exercícios indicados em materiais didáticos.

“A comunicação é essencial neste processo, assim como a elaboração de guias de orientação das rotinas de atividades educacionais não presenciais para orientar famílias e estudantes, sob a supervisão de professores e dirigentes escolares”, diz o texto.

Carga horária
Devido à pandemia, o MEC autorizou que o ano letivo tenha, em 2020, menos de 200 dias, mas manteve a obrigatoriedade de 800 horas no ano para as escolas de todo o país.

Na educação infantil, etapa que compreende creche e pré-escola e atende crianças de até 5 anos de idade, devido à limitação legal, as atividades não presenciais não poderão contar no calendário letivo, e as aulas terão que ser repostas presencialmente.

Apesar disso, o CNE diz que as escolas podem desenvolver atividades para serem realizadas pelos pais junto com as crianças. O mesmo pode ser feito nos anos iniciais do ensino fundamental, quando as crianças são alfabetizadas.

O CNE recomenda que, no retorno às aulas presenciais, as escolas façam uma avaliação diagnóstica de cada estudante para verificar o que foi de fato aprendido no período de isolamento.

“Muito além da carga horária, o principal que a gente coloca ali é que se consigam cumprir os objetivos de aprendizagem previstos no currículo e na Base Nacional Comum Curricular. A ideia é que se possa garantir atividades para os alunos nesse período e, ao mesmo tempo, para os alunos que não conseguirem realizar as atividades, que a rede tenha planos [de reposição] no retorno das atividades presenciais”, diz o relator do parecer, o conselheiro Eduardo Deschamps.

Ensino presencial
As atividades remotas não são obrigatórias. As redes podem optar pela reposição da carga horária de forma presencial ao fim do período de emergência. Para isso, podem aproveitar, por exemplo, os sábados e o recesso escolar do meio do ano. Podem ainda optar por um modelo misto, com a ampliação da carga horária diária e a realização de atividades pedagógicas não presenciais, quando as aulas forem retomadas.

O CNE ressalta que a possibilidade de a longa duração da suspensão das atividades escolares presenciais dificultar a reposição das aulas de forma presencial e de comprometer o calendário escolar de 2021 e até mesmo de 2022.

"A realização de atividades pedagógicas não presenciais visa, em primeiro lugar, a evitar retrocesso de aprendizagem por parte dos estudantes e a perda do vínculo com a escola, o que pode levar à evasão e ao abandono", diz o CNE.

Avaliações nacionais
O CNE também sugere que as avaliações e exames nacionais e estaduais - como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) - considerem as ações de reorganização do calendário de cada sistema de ensino para o estabelecimento de seus cronogramas.

“É importante garantir uma avaliação equilibrada dos estudantes em função das diferentes situações que serão enfrentadas em cada sistema de ensino, assegurando as mesmas oportunidades a todos que participam das avaliações em âmbitos municipal, estadual e nacional”, diz o documento.

Realidades locais
O CNE decidiu elaborar o documento devido às várias dúvidas de estados, municípios e escolas que queriam saber se as práticas adotadas durante a pandemia estavam em conformidade com as normas vigentes. Uma das dúvidas mais frequentes é como ficará o calendário escolar de 2020. Também é dúvida se as aulas e as atividades a distância contarão como horas letivas ou terão de ser integralmente repostas quando as aulas presenciais forem retomadas.

O conselho faz a ressalva de que, na hora de definir o calendário, é preciso observar a realidade das redes de ensino e os limites de acesso dos estabelecimentos de ensino e dos estudantes às diversas tecnologias disponíveis. É necessário ainda "considerar propostas inclusivas e que não reforcem ou aumentem a desigualdade de oportunidades educacionais”, diz o texto.

No Brasil, em todos os Estados, houve suspensão de aulas para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. A medida não foi adotada apenas no Brasil. De acordo com os últimos dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que monitora os impactos da pandemia na educação, 186 países determinaram o fechamento de escolas e universidades. A decisão afeta cerca de 1,3 bilhão de crianças e jovens, o que corresponde a 73,8% de todos os estudantes no mundo.

Fonte: Jornal do Comercio.

MPPE cobra entendimento de pais e escolas por descontos na mensalidade durante a pandemia


Redução deve ser consentida entre as partes, observando os custos das escolas durante a pandemia. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) está de olho no comportamento das escolas privadas durante a pandemia do novo coronavírus. Em nota técnica aos órgãos internos de execução, o MPPE orienta a criação de recomendações às instituições para que elas reduzam o valor da mensalidade (no caso dos ensinos fundamental e médio) ou suspendam os contratos (no caso do ensino infantil) durante enquanto durar a situação. A validade seria para as mensalidades de maio em diante.

No caso das escolas de ensino fundamental e médio, a nota técnica 02/2020 cobra que seja apresentada aos pais e responsáveis uma planilha, que detalhe de forma transparente quais gastos que a instituição realmente teve durante o período de suspensão das aulas presenciais. E a partir disso, em consenso com os pais, delimitado um desconto equivalente na mensalidade, uma vez que gastos com água, energia e materiais de ensino e limpeza deverão diminuir.

Já para as instituições infantis, o pedido é que os contratos sejam suspensos até o fim do isolamento social, tendo em vista que não há como adotar um regime de aulas online pela natureza das atividades executadas. Ainda, cobranças extras - referentes a aulas de natação, futebol, ou alimentação de alunos de ensino integral, por exemplo - em todas as três modalidades de ensino devem ser restituídas ou virar crédito para futuras cobranças.

A nota técnica é assinada pela promotora Liliane da Fonseca Lima, coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Defesa do Consumidor (CAOP Consumidor) do MPPE. Ela foi feita após duas discussões com setores ligados à educação, como sindicato de escolas e professores, Procons, Ministério Público Federal e pais de alunos. Desses encontros, só chegou-se ao consenso de se criar canais para tirar dúvidas sobre questões pedagógicas e assuntos administrativos/financeiros.

Já as mensalidades, nenhum entendimento efetivo. Tendo em vista que as férias de julho, antecipadas para abril, estão terminando, o tema volta à discussão. “As famílias perderam muita renda. E É um novo cenário em que não existem aulas presenciais e implica em uma redução de despesas das instituições. Essa redução tem que ficar clara para o consumidor”, discorre a promotora, que defende também a suspensão de penalidades como juros e multa: “Tem pai que por conta desse imprevisto não consegue realizar o pagamento no dia”.

Para a concessão do desconto nas mensalidades, as instituições educacionais não poderão exigir a comprovação de perda de renda pelo responsável financeiro. “O fato de um integrante da família não ter tido salário reduzido, por exemplo, não significa que a renda familiar continua intacta. Outros integrantes podem estar sem trabalhar. E aí o salário de um tem que dar conta de todos. E como um consumidor pode ser obrigado a mostrar seu rendimento se a própria escola não mostra as planilhas de custos? É uma questão de transparência, direito à informação”, defende Liliane.

A nota técnica trouxe alívio à advogada Erika Lóssio, de 42 anos. Moradora de Olinda, ela tem duas filhas matriculadas em uma escola no Bairro Novo, e discordou do desconto de 10% dado pela instituição. “Outros pais também discordaram. E a gente conseguiu formar um grupo de responsáveis financeiros que não concordaram com o valor. Estamos negociando uma redução maior, porque com certeza houve uma considerável diminuição nos gastos da escola”, afirma.

“Essa recomendação dá um embasamento para a gente. Nós, pais, não queremos ter que judicializar a coisa. Sempre estamos aberto a negociação. Mas uma coisa que a gente sente é que as instituições só estão abertas a isso até certo ponto”, aponta Erika.

A Secretaria Estadual de Educação (SEE) também monitora o assunto. “Recebemos a nota técnica do MPPE. É uma questão de relação de consumo, mas estamos acompanhando a eventual sonegação do direito à educação e vendo como as escolas estão fazendo para garantir a oferta de ensino e a organização do calendário escolar, através dos planos de contingenciamento”, diz a gerente de Normatização do Sistema Educacional de Pernambuco, Giseli Normati.

Em resposta, o Sindicato das Escolas Particulares de Pernambuco enviou nota ao Diario de Pernambuco. Acompanhe, na íntegra, o que diz a organização. 

A nota de esclarecimento do SINEPE-PE, em razão da nota técnica do MPPE , referente a mensalidades escolares, traz a público os seguintes pontos: 

1. Estranheza por tratarem questões atinentes à Educação, às escolas e à legislação educacional em vigor de forma irrelevante, como a pouca importância dada à Resolução CEE - PE, no. 02/2020, que permite as atividades não presenciais para todos os segmentos da escola, por força do momento da pandemia, bem como, em escala maior, o texto, já de conhecimento público,  que se tornará parecer , com abrangência nacional,  do CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO,  contemplando exaustivamente as atividades remotas , durante o período de excepcionalidade, do Infantil ao Médio, trazendo orientações importantes para sua aplicação. Enfim, o ângulo observado foi tão somente do consumo, e não da manutenção, em bases emergenciais, mas significativas, do processo de ensino -aprendizagem.

2. As escolas particulares de Pernambuco, em tempos de coronavírus, tem apenas, até agora, 10 dias para reposição presencial.  Abril foi mês de férias. Para maio, as escolas fizeram um plano de contingenciamento consistente, contemplando atividades não presenciais, para todos os segmentos  da Educação Básica, sem minimizar a importância da reposição presencial, já projetada de tal forma que efetivarão o calendário letivo, dentro do que reza a legislação em vigor, com foco nas 800 horas anuais. Portanto os contratos celebrados, individualmente, entre a família e a escola, serão cumpridos na íntegra, como também se espera da contrapartida financeira.

3.Para cumprir essa gama de atividades , as escolas mantiveram todos os professores e equipes técnico- pedagógicas e administrativas, operando em regime de home office, e investiram em equipamentos e tecnologia. Os compromissos, pois, de folhas de pessoal e  pagamento a fornecedores vêm sendo honrados religiosamente.

4.Afirmar que os custos de manutenção, de material de expediente, de energia e água, para justificar solicitações de desconto nas mensalidades desse período  pandêmico a partir de 30%, chegando ao escárnio de 70%, e, ainda por cima, exigir a linearização de descontos, evidencia falta de bom senso e consciência da realidade de algumas vozes da comunidade escolar. 

5.Numa determinada parte da nota o MPPE diz que as escolas “ incentivem os pais a postergar a execução dos contratos  da educação  infantil até o final do isolamento social, face à impossibilidade de regime telepresencial. “  Levando a sério tal orientação, afirmamos, peremptoriamente, que tal conduta acarretará o inevitável fechamento de centenas de escolas que atuam no Estado, com o consequente desequilíbrio no mundo do trabalho, provocando desemprego em massa.

6.E mais uma vez: falar na impossibilidade de regime telepresencial , mesmo em relação à educação infantil, é desconhecer ou mesmo desdenhar da legislação emergencial em vigor.

7.As escolas mantêm o compromisso de encaminhar aos seus pais, até essa quinta-feira, 30, os seus planos de contingenciamento para o mês de maio, com projeto pedagógico e cronograma de atividades não presenciais

8.As escolas estão abertas ao diálogo para compreender o contexto próprio de cada família e disponibilizam, desde já, seus canais de atendimento para os devidos casos.

9.A escola sempre foi e continuará a ser aliada e parceira da família na educação das crianças e adolescentes, sobretudo no momento inédito que estamos vivendo, usando recursos e meios ajustados a esse tempo excepcional, mantendo o processo de ensino- aprendizagem em padrões sustentáveis, como forma de minimizar as perdas porventura advindas desse momento tão diverso. 

10.Apesar de situação tão adversa, em que a escola particular de Pernambuco é colocada contra a parede, por conta de motivos alheios à sua verdadeira vocação e missão de educar, o SINEPE-PE  afirma sua abertura para o diálogo permanente com todas as instâncias do Poder Público, cada um dentro das suas competências legais, e com a própria sociedade, e confirma o seu pluralismo e busca de uma Educação de Qualidade.

SINEPE PE Diretoria Executiva 
Fonte: Diário de Pernambuco

terça-feira, 28 de abril de 2020

Busca por vagas em leitos na rede pública de saúde de PE preocupa pacientes e parentes na pandemia


A dificuldade para conseguir vagas em leitos de enfermaria ou de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para o tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, tem preocupado pacientes e parentes. Nesta segunda (27), a taxa de ocupação desses leitos no estado, por pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), é de 91%, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

O motorista de ônibus Rogério Amorim passou mal na noite do domingo (26), com sintomas da Covid-19, mas gravou um vídeo tentando tranquilizar os amigos e familiares. "Eu tenho passado esse vídeo pra dizer a vocês que eu estou passando um momento difícil, mas na minha vida tenho fé em Deus que eu vou sair disso. (Para) Todos vocês, eu preciso também repousar, descansar, tá certo?", disse, entre uma tosse e outra.

Nesta segunda-feira (27), a situação de Rogério piorou, e a esposa dele, Elani Maria do Nascimento, ficou desesperada durante a espera por um leito para o marido. "Estamos aqui nessa clínica Agamenon Magalhães desde sexta-feira (24) com meu esposo. Ele está muito mal, cada dia pior, desde o sábado (25)", afirmou.

A luta por atendimento adequado começou em Jaboatão Velho, no Grande Recife, e acabou no bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife, na Policlínica Agamenon Magalhães.

"Esse é meu sogro, já de idade. Ele teve que vir de Tracunhaém [na Zona da Mata] para socorrer ele. A cada dia mais, a situação dele é muito séria. Muito grave. Está piorando cada dia mais. Na policlínica em Afogados [no Recife], a gente vai pedir informação aos médicos, mal a gente sabe. Eles não falam nada. Só dizem que estão aguardando a Central de Leitos. Que Central de Leitos é essa que não aparece?", declarou.

O pai de Rogério, Rafael Amorim, pediu para que o filho seja colocado em um hospital que tenha respirador, um dos itens mais importantes para pacientes internados com a Covid-19. "Tem que colocar ele num hospital que tenha capacidade pelo menos respirador. Respirador para ele, para que possa respirar melhor e sair dessa dificuldade que está tendo aí. A respiração dele é importante agora", disse.

Na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) dos Torrões, na Zona Oeste do Recife, a luta da estudante Kamilla Rabelo é pela vida.

"Estou aqui na frente da UPA dos Torrões e meu pai, Jaime Freire Leitão Filho, está internado aqui com pneumonia, suspeita de coronavírus e ele precisa de um leito na UTI. Precisa de um respirador para sobreviver e os médicos disseram que não tem leito na UTI. [...] Então fica aí esse questionamento: a gente tem que lidar com a angústia dele estar aqui e ainda ter que correr atrás de um leito para ele?", disse.

"Nós precisamos (de um leito). O estado é responsável. É pra sobreviver, para salvar a vida do meu marido, o respirador que nós precisamos. Estamos precisando urgente, para hoje. Não é pra amanhã. É para agora. Em nome de Jesus", afirmou Sandra Ferreira da Silva, esposa de Jaime, que tem 65 anos.

Ainda desesperada com a situação do marido, Eleni voltou a mandar um vídeo para o WhatsApp da TV Globo ainda nesta segunda-feira (27). "Muita gente e nada. Nada, nada, nada. Pelo que eu estou vendo, daqui a pouco vão chamar é para dar só o resultado que aconteceu com ele: o pior. Só estamos esperando o pior", declarou.

Eleni ainda filmou o caminhoneiro Marivaldo Veríssimo, que também falou da situação difícil das pessoas na Policlínica Agamenon Magalhães. "Estou aqui há umas quatro horas ou mais. Cheguei aqui, nada de ninguém atender. Meu caso: estou com tosse forte, seca, dores no corpo e a boca amargando", contou.

A responsabilidade por encaminhar cada paciente às unidades que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é da Central de Regulação de Leitos. Na quinta-feira (23), a central foi ampliada, passando a funcionar não somente na Praça Oswaldo Cruz, no Recife, mas também no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda.

A Central é acionada pelos médicos por um sistema on-line ou por telefone. Para Elani, tudo pareceu muito demorado. "Meu sogro está pensando vender o carro para pagar um hospital. É o único bem que a gente tem. A gente vai tentar vender pra socorrer ele", afirmou.

Respostas
Na tarde desta segunda-feira (27), Rogério foi transferido para o Hospital Provisório Recife 1, no bairro de Santo Amaro, no Centro da cidade. A Secretaria de Saúde do Recife informou que, de acordo com a avaliação médica, ele não apresentava Srag e não havia indicação para uso de respirador.

A direção da UPA dos Torrões informou que Jaime está recebendo a assistência necessária, com suporte de oxigênio, em uma sala vermelha, que tem estrutura semelhante a de uma UTI. Também afirmou que a transferência dele para um leito de terapia intensiva já foi pedida à Central de Regulação de Leitos do Estado.

Covid-19 em Pernambuco
Pernambuco confirmou, nesta segunda-feira (27), 460 novos casos e 35 óbitos de pacientes com a Covid-19, doença transmitida pelo novo coronavírus. Com isso, o estado passa a ter 5.358 pacientes com a doença e 450 mortes.

Fonte: G1 PE

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Coronavírus: Pernambuco convoca mais de mil médicos para substituir quem ficou de quarentena

Foto: ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO PCR
Com informações do repórter, Michael Carvalho

A pandemia do novo coronavírus tem provocado baixas nas equipes que estão na linha de frente nos hospitais. Até esta segunda-feira (27), mais de 1.400 profissionais testaram positivo para a covid-19 em Pernambuco. Por isso, o governo estadual anunciou que vai convocar médicos de diferentes especialidades para substituir quem precisou ficar de quarentena. 

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), mais de mil médicos diaristas devem ser convocados para atuar diretamente ou indiretamente com pacientes que foram infectados por covid-19. Além disso, outros 777 profissionais devem ser chamados para atuar em outras áreas da Saúde.

Convocação
Segundo o Sindicato dos Médicos de Pernambuco, é preciso intensificar as testagens dos funcionários dos hospitais e convocar aqueles que já foram aprovados em concurso.

O psiquiatra Rodrigo Silva, que estava há cinco anos afastado da função de médico intensivista trabalhando em consultório, foi um dos profissionais que foram convocados pelo governo para trabalhar na UTI auxiliando no tratamento dos pacientes com o vírus. Ele afirma que se tornou ainda mais doloroso informar aos familiares sobre os falecimentos.

Falta de treinamento
O diretor do SIMEPE, Tadeu Calheiros, afirma que os profissionais ainda não contam com um treinamento para cuidar dos internados com coronavírus.

Resposta
Com relação à testagem dos profissionais de Saúde da rede pública e particular, a Secretaria de Saúde informou que 1.488 casos foram confirmados e 982 descartados. A Secretaria disse também que realizou a nomeações de 1.982 profissionais concursados. Desse total, 1.688 já assumiram os cargos nos serviços de saúde.

Fonte: TV Jornal

Polícia Federal faz alerta de golpe no Whatsapp que promete auxílio da Caixa


A Polícia Federal de Pernambuco faz um alerta para mais um golpe no Whatsapp. As vítimas são pessoas que estão com pendências na documentação para receber o auxílio emergencial da Caixa Econômica Federal.

Giovani Santoro, chefe da comunicação da PF em Pernambuco, explica como o golpe funciona.

“A pessoa recebe esse link e, logo de cara, é forçada a preencher três informações: nome completo, data de nascimento e o telefone. Depois que a pessoa responder também a algum cadastro, com informações pessoais e senha de banco, o bandido diz que ele já vai ter acesso a esse auxílio emergencial e vai receber um SMS em cinco minutos como forma de confirmação. Só que esse SMS já é o código de confirmação do Whatsapp para roubar e clonar o Whatsapp, clonando seus contatos e agendas. Com as informações bancárias, pode inclusive até sacar valores do bolsa família, sacar valores do FGTS, abrir contas em bancos virtuais e aí ter direito a cartão de crédito, empréstimo bancário e a pessoa depois é surpreendida com dívidas que não contraiu”, explicou Santoro.

O chefe da comunicação da PF reforça o pedido de nunca abrir links sem saber se são confiáveis, não responder cadastros com informações pessoais e nem passar contatos telefônicos de sites que não se sabe a procedência. Ter também um antivírus no celular e jamais estar compartilhando esses links com outras pessoas.

Fonte: Rádio Jornal

sábado, 25 de abril de 2020

Rio Doce lidera número de casos confirmados do novo coronavírus em Olinda; veja lista

Filas são registradas diariamente na agência da Caixa entre os bairros de Rio Doce e Casa Caiada, dois dos cinco bairros com mais casos de Covid-19 — Foto: TV Globo/Reprodução

Rio Doce e Ouro Preto são os bairros com maiores números de casos confirmados do novo coronavírus em Olinda. A informação foi divulgada pela prefeitura do município em coletiva desta sexta-feira (24). No primeiro, foram 53 confirmações e três mortes, enquanto o segundo registrou 34 casos e cinco óbitos causadas pela Covid-19.

O detalhamento foi feito em cima do boletim da Secretaria Estadual da Saúde da quinta-feira (24), quando Pernambuco tinha 3.604 pacientes com o novo coronavírus. Nesta sexta (23), o número subiu para 3.999 pessoas com a doença, mas não foram divulgados os dados detalhados sobre cidades até a última atualização desta reportagem.

Depois de Rio Doce e Ouro Preto vêm, na sequência, os bairros de Jardim Atlântico, com 28 casos e uma morte; Peixinhos, com 26 casos e três mortes; e Casa Caiada, com 23 e três óbitos. No total, há 324 casos confirmados, com 26 óbitos na cidade. Em nove casos, não houve identificação do bairro onde a pessoa morava. (Veja lista completa dos bairros no final da matéria).

A secretária de Saúde de Olinda, Luciana Lopes, explicou que o monitoramento por bairro auxilia a direcionar ações. Apenas um dos 32 bairros do município não apresentou casos da doença: o Córrego do Abacaxi.

"Conseguimos mapear onde esses casos estão, detectamos o número de idosos do município por bairros e, a partir daí, nós procedemos às ações de desinfecção, com um produto que faz o combate ao coronavírus", afirmou.

Hospital de campanha
Segundo a secretária Luciana Lopes, a prefeitura de Olinda começou, nesta sexta (24), a erguer um hospital de campanha na Cidade Tabajara, para receber pacientes com a Covid-19. O local contará com 60 leitos de enfermaria e será gerido pelo município.

"O prazo inicial [de conclusão das obras] é de 30 dias, mas estamos trabalhando para entregar antes do prazo", afirmou a secretária.

Luciana Lopes ressaltou outras ações da prefeitura, como o uso da Guarda Municipal para dispersar aglomerações e conscientizar a população da necessidade de distanciamento do social e da permanência em casa.

A secretária também citou os pontos de atendimentos para moradores de rua. Um deles já foi instalado, no estádio Grito da República, e tem capacidade de atender 50 pessoas por dia - dando direito a banho, alimentação e kit de higiene. Outro espaço do tipo deve começar a funcionar na segunda, no bairro do Carmo.

Bairros com casos de coronavírus em Olinda
BairrosCasos confirmadosMortes
Rio Doce533
Ouro Preto345
Jardim Atlântico281
Peixinhos263
Casa Caiada233
Sapucaia203
Bairro Novo201
Águas Compridas151
Cidade Tabajara15-
Jardim Fragoso122
Jardim Brasil12-
Bultrins111
Aguazinha81
Caixa D'água5-
Santa Tereza5-
Varadouro31
Vila Popular31
Monte3-
Alto do Sol Nascente3-
Salgadinho2-
Sítio Novo2-
Passarinho2-
Alto da Bondade2-
Alto da Conquista1-
Amaro Branco1-
Amparo1-
Carmo1-
Guadalupe1-
Jatobá1-
São Benedito1-
Umuarama1-