Quem brinca ou já brincou Carnaval nas ladeiras de Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), já deve ter se perguntado: “onde coloco meu lixo?”. Isto porque, durante a folia de Momo, a grande quantidade de pessoas dificulta que os foliões encontrem lixeiras quando elas existem e o lixo acaba indo para o chão. A reportagem esteve no Sítio Histórico de Olinda e pode identificar que o número de lixeiras é pouco e, muitos dos objetos que existem, estão quebrados.

Apenas alguns pontos são contemplados com lugares para despejar o lixo. O Alto da Sé, por exemplo, é o que apresenta o maior número de depósitos. Também foram encontradas lixeiras na Praça Laura Nigro; na Praça João Alfredo; na Rua do Amparo e no Bonfim. Outros pontos queridinhos dos foliões no Carnaval, como os Quatro Cantos, o Mercado da Ribeira, o Largo do Amparo, a rua 13 de Maio e o Varadouro, não possuem lugares próprios para o descarte de lixo.

A comerciante Poliana Moraes presencia diariamente o resultado da passagem de blocos em frente à sua loja. Ela comenta que, na manhã seguinte ao desfile das agremiações, funcionários da Prefeitura vão ao local, mas esta limpeza só acontece no fim da manhã. “Após um domingo de prévias sempre ficam muitas latas e lixo no chão. Como abro todos os dias, muitas pessoas vêm me pedir para jogar o lixo delas. Eu sempre deixo um saco grande para as pessoas depositarem as latas”, declara.

Para o vendedor Manoel Gomes, de 53 anos, que trabalha em uma loja do Alto da Sé há 16 anos e é morador da Cidade Alta, a questão também envolve a educação dos visitantes. “Nos dias depois das festas sempre fica um mau cheiro aqui na frente e a Prefeitura vem limpar. Mas além de jogar muito lixo no chão, porque realmente não tem lugar para colocar, os que existem ainda sofrem depredação. Tem muitas lixeiras quebradas”, comenta.

Um exemplo de quem fez sua parte é o bloco Eu Acho é Pouco, que desfilou no domingo (24). A agremiação passou pelos principais pontos turísticos do Sítio Histórico, mas deixou o espaço público limpo como o encontrou. De acordo com Guilherme Calheiros, um dos organizadores do bloco, foram contratadas seis pessoas que ajudaram na limpeza. Ao todo, foram 100 sacos de 100 litros de lixo recolhidos. Isto com o desfile de apenas uma agremiação, que arrastou entre 6 e 7 mil pessoas.

Para Guilherme, as lixeiras existentes em Olinda atendem à demanda da dinâmica natural do município. “Nós não fizemos nada além da obrigação. Quando a gente pensa na realização do evento, tentamos impactar o mínimo possível na cidade. Estamos usando o espaço público, é lógico que o devolvamos da forma como o encontramos”, afirma. O exemplo do “Eu Acho é Pouco” foi, inclusive, citado na página do Facebook da Prefeitura de Olinda.

Por meio de uma nota, a Prefeitura de Olinda se pronunciou sobre as lixeiras quebradas, informando que os objetos serão substituídos por depósitos novos a partir do mês de março e que está em andamento um estudo para apresentar um equipamento mais resistente à ação de vândalos.

Em relação à limpeza do Sítio Histórico durante o Carnaval, a Prefeitura explicou que diariamente a Secretaria de Serviços Públicos possui uma equipe que trabalha da meia-noite até as 7h. Além do serviço de varrição e coleta de lixo, as ladeiras são lavadas com água e essência de eucalipto.

Por Mayra Cavalcanti do NE10