O peixe-boi Atol pode ter morrido por afogamento depois de ser atingido por uma embarcação. A informação preliminar foi levantada após a necropsia realizada no animal no Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) localizado na Ilha de Itamaracá.

Atol foi encontrado morto na Praia de São Miguel dos Milagres nesta terça-feira (26). O animal pode ter se afogado depois de ser atingido acidentalmente por alguma embarcação e ingerido uma quantidade de areia e água significativa. O corpo apresentava marcas que levantam a suspeita do impacto.

Porém, a causa da morte só será confirmada em definitivo depois de uma averiguação mais detalhada do histórico do animal. De acordo com o laudo assinado pela veterinária Fernanda Niemeyer, coordenadora nacional do Programa de Manejo para a Conservação de Peixes-boi, o resultado pode sair nas próximas semanas.

Caso seja confirmado que Atol tenha sido atingido por uma embarcação, a discussão em relação ao perigo da circulação de embarcações motorizadas e velozes em locais onde há ocorrências de peixes-boi, deve ser intensificada pelos órgãos de proteção ao meio ambiente.

Confira o histórico de Atol divulgado pelos técnicos:Atol foi resgatado pela primeira vez ainda filhote em 2002 na praia do Mel no Rio Grande do Norte e levado para a então sede do CMA na Ilha de Itamaracá para reabilitação. Em 19 de fevereiro de 2009 foi translocado para o cativeiro de aclimatização em Porto de Pedras/AL e no dia 12 de maio de 2010 foi solto na natureza. Desde então, apesar de muitas vezes apresentar comportamento atropotizado e interação com a população, apresentou uma boa adaptação após a soltura. Geralmente, utilizava a área de São Miguel do Milagres como sítio de preferencia. Por ter um perfil de animal adaptado e já estar solto a praticamente 6 anos, não estava mais sendo monitorado com equipamento de radiotelemetria, mas era realizado o monitoramento presencial do animal, com a equipe do Programa Peixe-Boi/CEPENE/ICMBio e apoio dos parceiros.

Na manhã do dia 26 de abril do presente, o animal foi encontrado morto na Praia de São Miguel dos Milagres e enviado para a base do Programa Peixe-boi/CEPENE na Ilha de Itamaracá. A necropsia foi realizada pela equipe do programa em parceira com alunos do curso de medicina veterinária da UFRPE.

O animal apresentava um inchaço na região escapular direita, cujas lesões foram confirmadas durante a necrópsia. Apresentava ainda um perfuração próxima a esta região, entretanto a lesão não atingiu os órgãos, apenas as camadas de pele, musculatura e gordura não havendo correlação deste achado com o óbito. O animal apresentava problemas gastrointesitnais que provocaram uma constipação, possivelmente por má absorção de alimento. No trato digestivo foi encontrado bastante alimento, entretanto não foi visualizado o capim agulha e nem algas. Aparentemente, apenas raiz do capim, fato que pode ter influenciado na má absorção.

Em função do quadro supracitado, o animal provavelmente vinha apresentando desconforto e com isso utilizando áreas mais rasas e com movimentação mais lenta. Com isso, o animal passou a ficar ainda mais susceptível à ações antropogênicas. O animal apresentou como dito, um inchaço na região escapular direita, com lesões sugestivas de choque por impacto, possivelmente ocasionada por embarcação. Com o choque com a embarcação o animal ingeriu quantidade significativa de água e areia, levando o animal à óbito provavelmente por afogamento. Entretanto, para a confirmação final da causa mortis, será realizada uma averiguação mais detalhada dos pontos apresentados e do histórico do animal e espera-se nas próximas semanas ter resultados mais definitivos.

Fonte: Tribuna Hoje