O descarte de uma porta de madeira dentro de um poço de visita, equipamento por onde são realizadas as inspeções na rede coletora de esgoto, surpreendeu os técnicos que faziam a manutenção preventiva no sistema de esgotamento sanitário na cidade do Paulista, Região Metropolitana do Recife. Além do material inadequado, os técnicos também encontraram a unidade, popularmente conhecida como boca de lobo, sem a tampa, que foi retirada por vândalos.
Outro caso também chamou a atenção dos técnicos de manutenção de sistemas de esgotamento sanitário. Desta vez, no bairro de Casa Amarela, no Recife. Lá foram despejados resíduos de obra civil de um edifício em construção na rede de esgoto, o que provocou um assoreamento da tubulação, impedindo a passagem do efluente.
“Apesar de todas as campanhas educativas e ambientais realizadas para conscientizar a população sobre as consequências do descarte de lixo na rede de esgoto, os números dessa imprudência não diminuem,” lamenta a gerente de Unidade de Negócios da Companhia Pernambucana de Saneamento - Compesa, Conceição Pontes. Diariamente, os operadores encontram diversos materiais que chegam às estações de tratamento de esgoto, os mais comuns são: preservativos, absorventes, fraldas, embalagens, pedaços de brinquedo, garrafas PET e sacolas plásticas. O trabalho de limpeza preventiva e manutenção é realizado em cerca de 1.400 quilômetros de redes, a extensão total operada pela Compesa/Odebrecht Ambiental.
Hoje, mais de 11 toneladas de lixo chegam, por mês, às estações elevatórias e de tratamento de esgoto da Região Metropolitana do Recife - RMR. Ao chegar nas estações, esse resíduo é separado por meio de um processo chamado de gradeamento e, depois, é encaminhado ao aterro sanitário. Para se ter uma ideia, somente na Estação Elevatória da Regional Centro, localizada no Recife, atuam aproximadamente 140 profissionais. Na RMR, estão em funcionamento quatro grandes estações de tratamento de esgoto. “O mau uso do sistema de esgoto prejudica sensivelmente a operação das unidades, pois os materiais lançados indevidamente pela população, acarretam os extravasamentos de esgoto nas vias”, explica a gerente Conceição Pontes.
A rede coletora é projetada para receber apenas 1% de sólidos e 99% de material líquido, proveniente da água que usamos no banho e na lavagem da louça e da roupa. Dentro de um imóvel, estão conectados à rede de esgoto o vaso sanitário, as pias e lavatórios da cozinha e banheiro e o ralo do chuveiro, locais que deveriam receber apenas a água usada nessas atividades, mas por onde acaba sendo descartada uma grande quantidade de lixo. As sobras de óleo e os fios de cabelo, quando se acumulam, também são grandes vilões dos entupimentos das tubulações nos imóveis.
Durante o trajeto percorrido pelo lixo até as estações, todo esse material pode obstruir a rede de esgoto e até mesmo rompê-la, causando os desagradáveis extravasamentos de esgoto. É possível evitar esses entupimentos na rede coletora com a simples atitude de jogar o lixo no lixo e não no vaso sanitário, ralos de banheiro e de pias. A população pode contribuir usando adequadamente a rede. "As dicas são simples, qualquer tipo de embalagem, materiais sólidos, óleo ou fio de cabelo não devem ser descartados no esgoto. O fio de cabelo, por exemplo, acumula e forma uma espécie de novelo, entupindo a tubulação da residência", complementou o diretor de Operações da Odebrecht Ambiental, Rodrigo Dias.
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